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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Florianópolis cai no ranking de tratamento de esgoto



ONG aponta que de 56%, em 2007, tratamento caiu para 40%, em 2008

Nanda Gobbi- DC | nanda.gobbi@diario.com.br
Mais uma pesquisa aponta que a capital catarinense está mal quando assunto é a coleta e o tratamento de esgoto. O estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil, em 81 cidades brasileiras, aponta que Florianópolis está na 30ª posição no ranking de saneamento do país.

O panorama é ainda mais preocupante se comparado ao diagnóstico apresentado pela Associação FloripAmanhã. O estudo aponta que quase metade dos efluentes despejados no mar, rios e no solo estão fora dos padrões legais.

Apesar de não constar na lista das 10 piores cidades, nem entre as 10 melhores cidades, a pesquisa do Instituto Trata Brasil indica que em Florianópolis houve redução no tratamento de esgoto. Em dados divulgados em 2007, a Capital declarou tratar 56% do esgoto e, em 2008, apenas 40%.

O superintendente regional metropolitano da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), Carlos Alberto Coutinho, admite piora no sistema de coleta e tratamento nos últimos anos.

Segundo ele, atualmente, apenas metade da população de Florianópolis conta com o serviço. A previsão é ampliar o atendimento para 75% dos moradores até o final de 2012.

— Em sua maioria, as estações atendem a legislação vigente para a emissão de efluente e cumprem as exigências das licenças ambientais. Mas temos estações que foram repassadas e projetadas para atender outras demandas de qualidade. Algumas, como é o caso da Vila Cachoeira, já foram desativadas porque eram deficientes — justifica.

A base de dados consultada para a elaboração do ranking, realizada nas cidades com mais de 300 mil habitantes, foi extraída do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), divulgado pelo Ministério das Cidades, e que reúne informações dos serviços de água e esgoto fornecidas pelas empresas prestadoras dos serviços, entre 2003 e 2008.
Saneamento em análise
O promotor de Justiça Rui Arno Richter, da Coordenadoria de Meio Ambiente de Florianópolis, destaca que a elaboração do Plano Municipal Integrado de Saneamento Básico está em fase final. A previsão é que em junho sejam organizadas audiências públicas sobre os serviços na Capital.

— Esta é uma peça jurídica básica para tratar o assunto de forma organizada — avalia Richter.

Segundo Otávio Ferrari, vice-presidente do Associação FloripaAmanhã e representante do Conselho de Engenharia e Arquitetura (Crea) no Conselho Municipal que trabalha na elaboração do Plano, cerca de 47,37% das análises de efluentes das estações de tratamento de esgoto em Florianópolis apresentam resultados fora dos padrões legais.

— Em quase metade das análises realizadas entre 2002 e 2008, o líquido resultante do tratamento é devolvido ao meio ambiente sem a qualidade adequada. A partir de 2007 aumentou o número de resultados das análises fora dos padrões.

Opinião: Castigos físicos mostram descontrole dos pais diante dos filhos



Por Ana Cássia Maturano-Especial para o G1, em São Paulo.

Em outras situações, como no trabalho e no trânsito, ninguém dá sopapos.
Pais usam a força pela relação de poder que existe entre eles e as crianças.


Algo tão ou mais antigo que a Bíblia, que parece não mudar nunca, é o fato das pessoas usarem de punições físicas para educar suas crianças. O próprio livro sagrado preconiza isso. Por mais que se demonstrem através de várias pesquisas (que não são poucas) os danos que essa prática traz, ela ainda não foi abandonada.
A revista Época da semana passada publicou dados de estudos recentes realizados nos Estados Unidos (país em que grande parte dos pais castiga os filhos fisicamente) sobre o assunto. De acordo com eles, crianças agredidas quando pequenas têm maior propensão de se tornarem agressivas e de terem déficits cognitivos.
Não houve grandes novidades, apenas comprovaram resultados de outras pesquisas. Mas apesar do que se tem mostrado sobre bater em crianças, essa prática continua e é defendida por muitas pessoas. Como os internautas de Época que, na sua maioria, apóiam esses castigos.
Essa conduta para com as crianças está tão enraizada em nossa cultura que as pessoas, mesmo num primeiro momento sendo contra, acabam por considerar que dependendo da situação e da forma como se faz, um tapa é permitido, por exemplo, diante da falta de limites dos menores.
Frustração
Usar de castigos físicos mostra o descontrole dos pais diante das frustrações com os filhos, que não são como eles querem, e a impossibilidade de agir de outra maneira. E não é que dá resultado? Porém ele é momentâneo, não contribuindo para que os pequenos amadureçam em suas condutas.
Até porque, o exemplo que estão tendo no momento é que o jeito de lidar com as frustrações é através da expressão física e concreta da agressividade. Ou seja, não se pensa sobre. É uma ação num nível mais primário. Impede-se que os filhos desenvolvam outras formas de agir em situações que lhes causem desconforto. Não à toa, crianças que sofrem de punição física além de serem mais agressivas, costumam apresentar comportamentos antissociais.
E não devemos nos esquecer que os pais são modelos seguidos pelas crianças, principalmente quando são bem pequenos. A ação deles tem mais força que as palavras. De que adianta um pai defender para os filhos não baterem nas pessoas se seu próprio comportamento o trai?
Ora, às vezes as crianças irritam mesmo e surge a vontade de dar umas palmadas. Isso acontece em outras situações: no trabalho, no trânsito, numa loja... Mas ninguém sai por aí dando sopapos. O melhor quando se sente que o descontrole está surgindo é sair de perto e num outro momento lidar com a situação.
Com os filhos, penso que a agressão física acontece devido à relação de poder que se estabelece. Os pais são maiores, os filhos dependem deles e temem muito perdê-los.
Mais que apanhar, eles precisam da nossa ajuda inclusive para aprender a lidar com sua raiva, frustração, agressividade e medos. Coisas que vão sendo construídas sem a necessidade de que um dos lados use de força física.
Assim, quem sabe, pode-se diminuir a agressividade que anda solta por aí.
(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)


Ana Cássia Maturano- Especial para o G1, em São Paulo

Novidades sobre a coluna: Dor no Nervo Ciático

Descrição e Diagnóstico

A Dor no Nervo Ciático é uma Doença ou um Sintoma?

A expressão dor no nervo ciático é comumente usada para descrever uma dor que se propaga ao longo do nervo ciático. A dor no nervo ciático é um sintoma causado por uma doença que ocorre na coluna lombar. O nervo ciático é o maior nervo do corpo humano, tendo o diâmetro aproximado de um dedo. 

As fibras do nervo ciático iniciam na 4ª e na 5ª vértebras lombares (L4, L5) e nos primeiros e escassos segmentos do sacro. O nervo passa através do forâmen ciático, logo abaixo do músculo Piriforme (rotação lateral da coxa), passa pela extensão posterior do quadril e parte inferior do Gluteus Maximus (músculo das nádegas, extensão na coxa). A seguir, o nervo ciático se estende verticalmente para baixo pela parte posterior da coxa, atrás do joelho, ramificando-se nos músculos dos tendões (panturrilha), seguindo para baixo até os pés.


Sintomas da Dor no Nervo Ciático

A dor no nervo ciático geralmente afeta um lado do corpo. A dor pode ser sutil, aguda, como uma queimação ou acompanhada por choques intermitentes de dor aguda, começando nas nádegas e se prolongando para baixo por trás ou pelo lado da coxa e/ou perna. A dor no nervo ciático se estende até abaixo do joelho e pode ser sentida nos pés. Algumas vezes, os sintomas incluem torpor e dormência. Sentar ou tentar se levantar pode ser doloroso e difícil. Tossir e espirrar pode intensificar a dor.

A Causa: Compressão do Nervo

A compressão do nervo ciático pode causar qualquer um dos sintomas citados acima. A lesão no nervo raramente é permanente e a paralisia representa um risco raro, já que a medula espinal termina antes da primeira vértebra lombar. Porém, um aumento na fraqueza do tronco ou perna, ou incontinência da bexiga e/ou intestinos é uma indicação de Síndrome de Cauda Eqüina, uma doença séria que requer tratamento de emergência. 

As doenças da coluna lombar que costumam causar compressão do nervo ciático incluem:
 
• Hérnia de Disco, a causa mais comum de dor no nervo ciático na coluna lombar.
• Doença Degenerativa de Disco, um processo biológico natural associado ao envelhecimento, costuma causar fraqueza ao disco, podendo ser o precursor de uma hérnia de disco.
• Estenose da Coluna Lombar, um estreitamento de uma ou mais passagens neurais, devido à degeneração do disco e/ou artrite nas facetas. O nervo ciático pode sofrer pressão como resultado dessas mudanças.
• A Espondilolistese do Istmo resulta de uma fratura por pressão, geralmente na 5ª vértebra lombar (L5). A fratura, combinada com o colapso do espaço discal, pode fazer com que a vértebra escorregue para frente em direção ao primeiro segmento da região do sacro (S1). O deslizamento pode causar um pinçamento da raiz do nervo em L5 ao sair da coluna.
 

Tumores da Coluna e Infecções são outras doenças que podem comprimir o nervo ciático, mas são raros.
 

Há outras condições que podem ocorrer, podendo parecer com uma dor do nervo ciático, mas são difíceis de diagnosticar.


Diagnóstico da Dor do Nervo Ciático

O exame médico inclui o histórico médico do paciente, uma revisão dos medicamentos atuais, um exame físico e neurológico e, se garantido, raios-x, tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética. Um diagnóstico apropriado requer uma análise da dor do paciente. Geralmente, é fornecido ao paciente um Diagrama da Dor para ilustrar a sensação e distribuição da dor (por ex., dormência e queimação). 

As perguntas do médico podem incluir:
 
• "Como a dor começou?"
• "Numa escala de
1 a 10, sendo que 10 representa a pior dor que se possa imaginar, classifique a sua dor."
• "A dor piora se você sobe ou desce uma ladeira?"
• "Como a dor afeta suas atividades diárias?"
• "Que tipo de tratamento foi tentado e o que surtiu algum efeito?"
 

Observa-se a extensão do movimento do paciente. Testa-se os reflexos e a força muscular. O médico pode usar um ou mais testes de movimento para determinar a fonte ou causa da dor.

 

Nervo ciático: Tratamento e Recuperação

Tratamento Não-Cirúrgico 

A dor no nervo ciático geralmente responde bem a formas não operativas de tratamento e dificilmente há indicação cirúrgica como primeira forma de tratamento. Tempo, medicamentos antiinflamatórios não-esteróides (AINES), uso em curto prazo de medicamentos narcóticos para dor aguda, injeções lombares e fisioterapia são benéficos.
 

Embora seja recomendado repouso na cama por um prazo curto durante a fase aguda, é bom realizar alguma atividade. Nesse contexto, "atividade" é definida como permanecer em pé por períodos de tempo que não causem dor muito forte. A prescrição de exercícios poderá incluir alongamento, caminhada e exercícios aeróbicos.
 

Cirurgia de nervo ciático
 

A cirurgia não é recomendada para todos os pacientes. Porém, em algumas situações, a cirurgia pode ser indicada. Pacientes que seguiram as orientações de um tratamento não-cirúrgico durante quatro a seis semanas sem alívio, certamente necessitam ser reavaliados por seu médico. Se um exame de ressonância magnética revelar hérnia de disco ou estenose da coluna vertebral, uma cirurgia poderá promover alívio para a dor nas pernas. O tipo de procedimento cirúrgico depende, em parte, da condição e do diagnóstico do paciente.
 



Recuperação

Se o tratamento para a dor no nervo ciático for não-operativo ou se for cirúrgico, sempre é bom seguir as instruções dadas pelo médico e/ou fisiatra.
 

Procure aliviar a tensão mecânica desnecessária da coluna. Por exemplo, ao ficar em pé, descanse um pé sobre um banquinho alternando com a outra perna. Ao dirigir, coloque um travesseiro pequeno ou uma toalha enrolada nas costas para manter a curvatura natural da coluna. Na hora de ir para a cama, deite de costas com um travesseiro sob os joelhos ou entre as pernas se dormir de lado.
 

Procure se alimentar de modo saudável, procurando manter seu peso ideal e evite fumar. Este estilo de vida faz toda a diferença para a saúde da coluna.

http://www.vertebrata.com.br

terça-feira, 20 de abril de 2010

Por que 90% recaem no crack

Sem sentir prazer por nada, o usuário passa a viver em função da droga.

O crack chega ao cérebro de forma tão rápida e intensa que é capaz de transformar mecanismos do sistema cerebral. O crack bloqueia a absorção natural da dopamina, o neurotransmissor que emite a sensação de prazer. Com os neurônios encharcados da substância, surge uma sensação imensa de euforia. Quando o efeito passa, vem a urgência da repetição.

Como a dopamina é o principal regulador do sistema de prazer e recompensa, o crack vicia rapidamente, explica o psiquiatra Felix Kessler. Com o tempo de uso, como muita dopamina é colocada à disposição, suas reservas vão se esgotando. O cérebro se torna menos sensível à droga e a sensação de prazer é substituída por alucinações.

Outra consequência é que o usuário passa a não sentir prazer por outros aspectos da vida, como comida e sexo, explica o psiquiatra Celso Luís Cattani. Numa comparação simples, é como um elástico que, esticado além do limite, não volta mais ao normal. Essa falta de sensibilidade do sistema de recompensa gera uma insatisfação em relação à vida, distúrbio conhecido como anedonia. Na memória, sobra apenas a sensação de prazer gerada pela droga. Sem sentir prazer por nada, o usuário passa a viver em função da droga, ou fica mais propenso a recair no vício.

Como proteger seu filho e algumas dicas de prevenção

A prevenção é arma mais forte na luta contra o crack. Veja dicas que podem ajudá-lo a manter seu filho longe da droga.
Acompanhe a rotina de seu filho: é importante saber onde ele está, o que faz e com quem está. Mudanças bruscas de comportamento podem ser um sinal de que há problemas.

Tenha hábitos saudáveis: as escolhas dos pais influenciam o comportamento dos filhos. Pesquisas mostram que, em lares com pais fumantes, o índice de filhos fumantes é maior.
Esqueça aquele mito de que é bonitinho uma criança experimentar uns goles de cerveja com você.

Dê o exemplo: quando as crianças observam os adultos beberem para relaxar ou superar a timidez, aprendem que também precisam de substâncias químicas para superar seus problemas.

Fontes: Fernando Oliveira, diretor da Divisão de Investigação do Narcotráfico do Denarc, e Helena M. T. Barros, psicofarmacologista.

Fonte: REPORTAGEM DO JORNAL PIONEIRO PUBLICADA
EM ABRIL DE 2009.

Não dê o start, você não é personagem de videogame e não tem vida extra.


Por Marcela Donini - Kzuka

Imagine que você tem uma vida extra. Você poderia extrapolar todos seus limites e recomeçar tudo, com moderação. Só que você não é personagem de videogame. Os estudantes Ana* e Fábio* descobriram isso a tempo. Pararam de usar crack antes do jogo terminar. Aluna de colégio particular da Capital, ela está há cinco meses limpa. Ele estuda em colégio público e está internado há 15 dias, em uma clínica da Capital. Os dois aceitaram responder a perguntas do Kzuka, por e-mail, para contar por que não vale a pena entrar nessa.


Você sabia?
- 66% dos adolescentes dependentes químicos (drogas e ácool) têm outra doença associada, como depressão ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
- Há 4 anos, não havia nenhum usuário de crack hospitalizado no Hospital Mãe de Deus, na Capital. Hoje, eles ocupam 40% dos leitos
- Em um ano, 52% dos meninos viciados em crack que vivem nas ruas de São Paulo entrevistados pela Unifesp morreram

KzukaQuando você experimentou o crack, tinha noção do seu alto poder de destruição?

Ana* – Sim, quando experimentei, todo mundo dizia isso, mas não levei muito em conta. Hoje, acho que até contou ser uma droga com mais poder de destruição, assim, eu seria mais eu. “Comigo o bicho não pega”, pensei.

Fábio* – Quando usei pela primeira vez, eu não sabia que fazia tão mal. Quando fui perceber, já estava viciado. Daí, fui saber a quantidade de porcaria que tem na pedra, gasolina, esmalte, cimento...

Kzk Como a droga lhe foi apresentada? Seus amigos usam ou usavam?

Ana* – Eu tinha bebido e tava de olho no guri que me apresentou. Acho que isso diz tudo.

Fábio* – Fumava maconha diariamente. Um dia, resolvi misturar com a pedra porque me disseram que era melhor. Estava na casa de um amigo e saí para comprar. Virou diário o uso, fora de controle. Quase todos meus amigos usam, mas fumo sozinho. Eles ficam na rua, eu não. Acho que é por vergonha, medo de que meu pai me pegasse ou soubessem que eu era um drogado.

KzkQuando você experimentou drogas pela primeira vez? E álcool?

Ana* – Álcool com 12 ou 13. Maconha com 15. Aos 15 e 16, eu mandava ver cerveja nas festas.

Fábio* – O crack eu comecei em 2008, mas, o álcool foi há muito tempo, aos 11 anos. O primeiro porre foi aos 14 anos.

Kzk – Como você se sente hoje?


Ana* – Hoje, sei que poderia ter perdido o trem da vida. A sorte esteve do meu lado. Tô viva. Fisicamente, tô recuperada. Psicologicamente, ainda é difícil. Quando bate a fissura, ninguém me aguenta.

Fábio* – Quando eu usava a droga, me sentia bem. Resolvi um monte de problemas, me sentia legal. Depois, eu fiquei muito mal, muito fraco, comecei a destruir a família, eu mesmo. Agora que eu tô me tratando, tô me sentindo muito melhor, me recuperando.

Kzk – Como estão os estudos, chegou a interrompê-los? No colégio, sabem da sua situação?

Ana* – Atrasei a 3ª série do Ensino Médio, ano que usei crack. Matava muita aula no final, mas, este ano, sei que vou passar. Se meus pais não tivessem contado na escola sobre o crack, acho que só saberiam que eu usei drogas, e até aí, muita gente usa. Meus pais “botaram na roda”. Fiquei muito revoltada. Agora, acho que foi bom.

Fábio* – Eu não interrompi os estudos, só agora para me tratar. Mas piorei muito na escola. Quando usava drogas, as notas baixaram, não queria estudar. A escola sabe que eu tô me tratando, porque o pai levou um atestado, mas só alguns amigos meus sabem.

KzkComo se deu o início do tratamento?

Ana* – Meus pais me levaram nuns quantos psicólogos e eu não aceitava. Diziam que era pra me internar à força. Como a Amy Winehouse, eu dizia “No, no and no”. Um amigo me levou pro grupo de Narcóticos Anônimos e deu certo.

Fábio* – Minha mãe me aconselhou. Depois que eles souberam, conversaram comigo, daí eu pensei bastante e resolvi me internar.

KzkComo seus pais ficaram sabendo que você usava a droga?

Ana* – Meus pais dizem que foi um telefonema anônimo, mas eu negava, negava, negava. Até que não deu mais pra negar...

Fábio* – Eu escondia deles. Quando eu tava usando maconha, eles souberam por causa do cheiro e dos olhos vermelhos. Com o crack, começou a sumir coisas de casa. Eu tava levando dinheiro, calçados, roupa.

KzkO que diria para jovens da sua idade que nunca experimentaram crack? E para quem usa outras drogas e bebe exageradamente nas festas?

Ana* – Nunca cheguem nessa parada. Atrasa tudo. Atrasa a vida. A ceva ou outra bebida com álcool qualquer é uma roubada. Teria muito pra dizer, mas cada um cuida ou descuida da sua própria vida.

Fábio* – Eu diria que não é bom. Pensem duas vezes antes de usar. O cara perde o controle, pode achar que é forte, mas sempre perde o controle, destrói a pessoa, a família. A droga é muito ruim. Quando tu usa uma droga por bastante tempo, tu quer usar outra. Então, não usem nenhuma droga. Tu não precisas encher a cara para curtir uma festa.

Não dê o start nesse jogo:

Start
Poucos começam no crack sem ter antes experimentado outras drogas, como maconha ou cocaína. Antes ainda, o exagero no álcool pode ser o primeiro passo da gurizada no mundo das drogas.

A experimentação

Para ser considerado dependente químico, o usuário precisa apresentar uma crise de abstinência. Isso pode acontecer a partir da primeira vez, se mais de uma pedra for fumada. Normalmente, a droga é apresentada por amigos e atrai pelo baixo preço (uma pedra custa em torno de R$ 5). Antes do usuário perceber, já está cometendo pequenos delitos, em casa e nas ruas, para sustentar seu vício.

O tratamento

Apoio familiar e força de vontade do paciente são fundamentais. Após a internação, é feita uma avaliação e tratamento com remédios – pra controlar a fissura – e psicoterápico individual ou em grupos, utilizando técnicas que desenvolvem estratégias de enfrentamento em situações de risco, como festas com uso de drogas.

Bônus
Você pode se tratar corretamente, tomando remédios e frequentando grupos de ajuda e seguir sua vida normalmente. Ou passar para a próxima fase...

A recaída
Diferentemente dos bonequinhos de videogame, você tem apenas uma vida. Sim, já dissemos isso antes, mas, às vezes, parece que é preciso lembrar. Não existem números oficiais, mas especialistas afirmam que o índice de recuperação é baixo, e as recaídas são frequentes entre os pacientes que deixam as clínicas. Voltar a andar com as mesmas pessoas é uma roubada.

Game over
Quanto mais o usuário fuma, mais precisa para se satisfazer. Se você chegou aqui, dificilmente, vai sair... É triste, mas é real. Muita gente morre por causa da droga. Diretamente, pelos danos causados no organismo, ou indiretamente, como em conflitos com a polícia, brigas entre gangues e cobrança de traficantes. A pedra joga o adolescente em um universo de violência do qual é difícil sair vivo.

REPORTAGEM PUBLICADA PELO KZUKA EM 8 DE MAIO DE 2009

segunda-feira, 19 de abril de 2010

GESTAÇÃO DE GÊMEOS



Chama-se gêmeos a dois ou mais irmãos que nascem de uma mesma gestação da mãe, podendo ser idênticos ou não. Por extensão, as crianças nascidas de partos triplos, quádruplos ou mais também são chamados de gêmeos. Apesar de não haver uma estatística precisa, estima-se que uma em cada 85 é gemelar. Existem duas maneiras de nascerem irmãos gêmeos.

Gêmeos não-idênticos (bivitelinos)
 
Os gêmeos bivitelinos são dizigóticos ou multivitelinos, ou seja, são formados a partir de dois ou mais óvulos. Nesse caso são produzidos dois óvulos e os dois são fecundados, formando assim, dois embriões. Quase sempre são formados em placentas diferentes e não dividem o saco amniótico. Os gêmeos fraternos não se assemelham muito entre si, podem ter, ou não, o mesmo fator sanguíneo e podem ser do mesmo sexo ou não. Também são conhecidos como gêmeos diferentes. Na verdade são dois irmãos comuns que tiveram gestação coincidente. Representam 66% de todas as gestações gemelares, e neste tipo de gestação, um terço tem sexos diferentes, enquanto dois terços o mesmo sexo. Um em cada um milhão de gêmeos deste tipo têm cores diferentes, mesmo sendo do mesmo pai. É possível gêmeos fraternos terem pais completamente diferentes.
Irmãos nascidos da mesma gravidez e desenvolvidos a partir de dois óvulos que foram liberados do ovário simultaneamente e fertilizados na mesma relação sexual (regra), porém podem ser concebidos de cópulas distintas, mas daquela mesma ovulação dupla. Podem ter ou não o mesmo sexo,se diferenciam tanto fisicamente como em sua constituição genética e possuem duas placentas e duas membranas independentes e bem diferenciadas. A freqüência dos gêmeos dizigóticos varia de acordo com a origem étnica (máxima incidência na raça negra, mínima na asiática e intermediária na branca), a idade materna (máxima quando a mãe tem de 35 a 39 anos) e a genética, com uma maior incidência da linha genética materna que da paterna, ainda que os pais possam transmitir a predisposição à dupla ovulação à suas filhas. Em geral, a proporção global é de dois terços de gêmeos dizigóticos para um de monozigóticos (ou seja, os gêmeos idênticos).

Gêmeos idênticos (univitelinos)

Quando um óvulo é produzido e fecundado por um só espermatozóide e se divide em duas culturas de células completas, dá origem aos gêmeos idênticos, ou monozigóticos, ou univitelinos. Sempre possuem o mesmo sexo. Os gêmeos idênticos têm o mesmo genoma, e são clones um do outro. Apenas um terço das gestações são de gêmeos univitelinos.
Ocorrem devido a uma separação irregular ainda não explicada pela ciência, quando o óvulo após a fecundação, geralmente entre o primeiro e o décimo quarto dia, ainda em estágio de mórula, sucede-se a divisão, que são implantados no endométrio.
A gestação é difícil pelo fato de apenas 10% a 15% dos gêmeos idênticos terem placentas diferentes, geralmente possuem a mesma placenta.




Gêmeos xifópagos (siameses)

Os gêmeos xifópagos, ou siameses, são monozigóticos, ou seja, formados a partir do mesmo zigoto. Porém, nesse caso, o disco embrionário não chega a se dividir por completo, produzindo gêmeos que estarão ligados por uma parte do corpo, ou têm uma parte do corpo comum aos dois. O embrião de gêmeos xifópagos é, então, constituído de apenas uma massa celular, sendo desenvolvido na mesma placenta, com o mesmo saco aminiótico.
Estima-se que dentre 40 gestações gemelares monozigóticas, uma resulta em gêmeos interligados por não separação completa.
Num outro tipo de gêmeos xifópagos (hoje sabidamente mais comum) a união acontece depois, ou seja, são gêmeos idênticos separados que se unem em alguma fase da gestação por partes semelhantes: cabeça com cabeça; abdômen com abdômen; nádegas com nádegas, etc. Quando vemos alguma notícia de gêmeos que foram "separados" por cirurgia, trata-se, quase sempre, de um caso destes.
O termo "siameses" originou-se de uma famosa ocorrência registrada desse fenômeno: os gêmeos Chang e Eng, que nasceram no Sião, atual Tailândia, em 1811, colados pelo ombro. Eles casaram, tiveram 22 filhos e permaneceram unidos até o fim de seus dias, tendo falecido com um intervalo de 3 horas um do outro.

 Eng e Chang Bunker




Curiosidades

O maior grau de gemelidade em que todos os bebês nasceram e se conservaram vivos é oito (óctuplos); no mundo inteiro, até agora, só foram registrados dois grupos de óctuplos. O primeiro caso ocorreu em dezembro de 1998 no Texas e o outro em janeiro de 2009 na Califórnia, Estados Unidos. No primeiro caso, sobreviveram sete crianças e no segundo, as oito.
A gravidez de mais de dois conceptos representam 1% de todas as gestações gemelares. Podem ser idênticos, fraternos ou uma combinação dos dois tipos, meninos ou meninas.

Fonte: wikipedia, a Enciclopédia livre.

Crime e punição



Um comércio de horrores

Por Nathália Butti- Revista Veja, edição nº2132, 30 de setembro de 2009.

A Tanzânia condena pela primeira vez caçadores de albinos.
Devido a uma tenebrosa superstição, essas pessoas são mortas e têm o corpo retalhado para ser vendido a feiticeiros.

Um tribunal da Tanzânia mandou para a forca, na terça-feira passada, três homens que mataram um menino albino de 14 anos e amputaram suas pernas. É a primeira condenação para um tipo de crime comum no país. Desde 2006, pelo menos 75 albinos foram mortos e esquartejados no país. O albinismo é uma deficiência na produção de melanina, o pigmento que dá cor a pele, olhos, cabelos e protege da radiação ultravioleta.





Os portadores da deficiência têm a pele pálida e vulnerável ao câncer, cabelos finos e olhos sensíveis à luz. Devido a uma superstição macabra, que atribuiu poderes sobrenaturais aos "zero-zero" – como são pejorativamente chamados –, nenhum albino está a salvo na África Oriental, sobretudo na Tanzânia e no Burundi. Eles são caçados e têm o corpo retalhado para ser vendido aos fabricantes de mandingas. Samwel Mluge, albino de 50 anos que vive na Tanzânia, casou-se com uma albina e a alteração genética foi transmitida aos seus cinco filhos. "Sempre digo às crianças para serem cuidadosas e só andarem em grupo", disse Mluge a VEJA. "Eu me sinto caçado como um animal."

Na Tanzânia, país entre os últimos colocados no ranking de desenvolvimento humano da ONU e com renda per capita de 440 dólares, o comércio de órgãos para feitiçaria é um negócio que vale qualquer risco. As partes mais valorizadas do corpo de um albino (dedos, língua, braços, pernas e genitais) podem atingir 3 000 dólares a peça. Apesar de a incidência de albinismo no país estar cinco vezes acima da média mundial, a demanda é tão grande que a Tanzânia importa clandestinamente pedaços de corpos. Pescadores tecem fios de cabelo de albinos em suas redes para ter sucesso na pescaria. Mineiros penduram no pescoço amuletos feitos com seus ossos moídos. Quem consegue beber o sangue ainda quente de um albino tem sorte em dobro. Melhor ainda se for de uma criança, pois a pureza infantil intensifica o poder do feitiço.

Alimentado pela miséria e pela ignorância, um extenso rol de tradições brutais persiste na África. A mutilação genital das meninas é a norma entre a etnia majoritária do Quênia, por exemplo. A tortura e o assassinato pelos próprios familiares de crianças acusadas de possessão demoníaca são uma praga na África Austral. O caso dos albinos provoca maior indignação mundial devido aos esforços de um albino canadense, Peter Ash, que criou a ONG Under the Same Sun para pressionar o governo da Tanzânia a reprimir o tráfico de carne humana. Poucas providências foram tomadas. "Sabemos que pessoas poderosas se consultam com os feiticeiros e não querem ver seu nome em tribunais. Se as vítimas fossem normais, os culpados já estariam presos", disse Ash a VEJA. Na semana passada, ele desembarcou na Tanzânia para continuar sua campanha. Por razões óbvias, fez-se acompanhar de três guarda-costas.